quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Parlamento lança plano para fomentar cadeia econômica regional

Na primeira reunião do Parlamento Metropolitano de Piracicaba em 2022, presidente Gilmar Rotta apresentou plano para criar rede de informações sobre investimentos

O PMP (Parlamento Metropolitano de Piracicaba) será protagonista de um projeto que tem o objetivo de fomentar a cadeia econômica regional, em seus mais diversos segmentos, tendo como foco a economia de baixo carbono. O plano foi apresentado pelo presidente do Parlamento e da Câmara Municipal de Piracicaba, vereador Gilmar Rotta (Cidadania), nesta quarta-feira (23), na primeira reunião ordinária do colegiado em 2022, realizada na Câmara Municipal de Cordeirópolis. O Parlamento Metropolitano reúne os mandatários do Poder Legislativo dos 24 municípios que compõem a RMP (Região Metropolitana de Piracicaba).

Durante a reunião, os vereadores foram incentivados a contribuir com uma rede de informações a respeito dos investimentos públicos e privados anunciados em seus municípios. O assessor especial da Presidência da Câmara de Piracicaba, o economista Ricardo Buso, explicou a ideia aos vereadores regionais. Ele tomou como base a Piesp (Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo), desenvolvida mensalmente pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

Segundo o economista, a pesquisa envolve os investimentos anunciados nos 40 principais jornais do estado. Ao encaminhar ofício à fundação sobre a metodologia da pesquisa, o Parlamento foi informado que apenas dois jornais da RMP estão entre os relacionados. “Tem muitos investimentos que estão acontecendo e a pesquisa deixa de abordar”, explicou Buso. “Então pedimos para os vereadores regionais comunicarem esses investimentos ao Parlamento para que sejam divulgados nas mídias certas, para que entrem na pesquisa”.

O economista lembrou que, quando é noticiado o investimento de algum determinado segmento de produção, os fornecedores da matéria-prima tendem a se instalar perto e os compradores também. “É importante o Parlamento fomentar uma cadeia com poder de concorrência”, colocou.

O presidente do PMP, vereador Gilmar Rotta (Cidadania), salientou que cada município tem uma referência econômica, uma peculiaridade que aponta para o seu crescimento. Com o intermédio do Parlamento nas relações comerciais entre municípios vizinhos, a ideia é gerar economia com transporte de mercadorias e alavancar a circulação de recursos na própria região. “Por que não os municípios se conversarem, um fornecendo a matéria-prima e o outro produzindo a matéria final? Não adianta ter economia na produção e ficar caro o transporte lá na frente. Ou trazer matéria-prima de fora que é mais cara que a do vizinho”, ponderou. “Precisamos fomentar a economia local, pensando globalmente, mas trabalhando localmente, com os 24 municípios”.

Gilmar Rotta explicou que a assessoria técnica está fazendo um estudo minucioso das características econômicas de cada município da RMP para a elaboração de um projeto para que o Parlamento fomente os investimentos públicos e privados que estiverem em andamento na região. “Temos que ver qual é melhor desenho desse projeto para que todos os municípios ganhem, para que a população ganhe, para que haja uma economia voltada internamente para os municípios da RMP”, afirmou.

Teto do SUS – Durante a primeira reunião ordinária do PMP, os vereadores regionais aprovaram por unanimidade três requerimentos que solicitam informações do DRS (Departamento Regional de Saúde) 10, com sede em Piracicaba, sobre a ausência de unidades de referência para procedimentos e cirurgias de alta e média complexidade, em diversas especialidades médicas. Os problemas relatados nos municípios são praticamente os mesmos, como as dificuldades em conseguir atendimentos para essas demandas através do sistema de regulação do SUS (Sistema Único de Saúde), o que tem gerado longas filas de espera de pacientes.

Os requerimentos fazem referência a déficits de atendimento em várias especialidades médicas, como oftalmologia, neurologia, neuropediatria, psiquiatria e ortopedia. As proposituras partiram de um grupo de vereadores de São Pedro e foram endossados pelos demais vereadores regionais. “Não estamos tendo referência para essas especialidades. Em São Pedro, a Prefeitura está comprando esses serviços, mas é uma função do SUS”, defendeu o primeiro-secretário do Parlamento e presidente da Câmara Municipal de São Pedro, vereador Carlos Eduardo Oliveira, o Dú Sorocaba (PL).

Diante dos relatos, o presidente Gilmar Rotta definiu a formalização de um documento único para solicitar a elevação do teto de gastos do SUS com os procedimentos e cirurgias de alta e média complexidade. Ele lembrou que intermediou a última solicitação, em 2014, que garantiu um aumento em R$ 20 milhões nos recursos disponíveis para os municípios da região.

Ele lembrou que esse aumento da demanda é um reflexo do aumento populacional desde então e também da pandemia de Covid-19, já que muitas cirurgias e atendimentos eletivos ficaram represados nos últimos dois anos. “Temos também várias pessoas que tinham plano de saúde, perderam o emprego e hoje são tratadas no SUS. Tudo é a somatória de um sistema que já estava deficitário e agora o governo tem que aumentar a capacidade de atendimento dessa demanda SUS. É uma situação muito complexa, o novelo de uma lã que está embaralhado e, nós, através do Parlamento, precisamos desembaralhar”, colocou.

Piracicaba, que é cidade referência para várias especialidades, também sofre com a demanda reprimida, conforme apontou o vereador Pedro Kawai (PSDB). “Eu levantei a questão do neuropediatra em Piracicaba, que nós estamos com sérios problemas. Precisamos de apoio da Secretaria de Estado para que as crianças sejam atendidas de forma adequada”, colocou. Para o vereador Josef Borges (Solidariedade), que também participou da reunião, a questão da saúde tem que ser tratada com prioridade. “O Parlamento é uma ferramenta importante para as cidades trazerem maior qualidade de vida para a população. O Parlamento tem essa força para buscar a solução desse problema junto às secretarias estaduais”, disse.

Rodovias – Também foram aprovados, durante a reunião do PMP, quatro requerimentos que solicitam intervenções na malha rodoviária da região metropolitana. Foram listadas necessidades de melhorias na SP-306, que liga Iracemápolis a Santa Bárbara; SP-151, que liga Iracemápolis ao bairro Tanquinho, em Piracicaba; e na SP-332, no trecho de acesso a Conchal. O vereador Pedro Kawai (PSDB) fez uma emenda solicitando providências da concessionária Ecovias para o acesso ao bairro Campestre, em Piracicaba.

O presidente Gilmar Rotta garantiu que o Parlamento vai intermediar reuniões presenciais ou virtuais com representantes do Governo do Estado e das concessionárias para apresentar as reivindicações. Ele lembrou que, na semana passada, foi realizada uma reunião on-line entre vereadores de São Pedro, Charqueada, Águas de São Pedro, Santa Maria da Serra e Piracicaba com a concessionária Eixo para discutir requerimentos de manutenção nas rodovias da região.

Também foi aprovado na reunião um requerimento solicitando a realização de obras de infraestrutura em escolas estaduais da região e uma moção de apelo para a criação de políticas públicas para a inibição do problema da evasão escolar. Como se tratam de diretorias regionais de ensino diferentes, o presidente Gilmar Rotta propôs o encaminhamento dos documentos para cada órgão.

A questão das enchentes também estava na pauta da reunião do PMP, através da aprovação de uma moção de apelo ao Governo do Estado para que seja criado um sistema de gerenciamento de riscos para a região. De acordo com os parlamentares das cidades de Capivari e Rafard, que foram duramente castigadas pelas últimas chuvas fortes na região, a ideia é que a Defesa Civil Estadual promova um sistema de alerta para os municípios ribeirinhos.

A próxima reunião ordinária do Parlamento Metropolitano de Piracicaba será no dia 22 de março, na Câmara Municipal de Araras.


CONFIRA TODAS AS FOTOS DA REUNIÃO EM

https://drive.google.com/drive/folders/13wo71eDXw7RieLzzan1zkSkcazwGputh?usp=sharing

CONFIRA A ÍNTEGRA DA REUNIÃO EM

https://fb.watch/bmm6humk5c/


Texto:  Departamento de Comunicação da Câmara Municipal de Piracicaba
Jornalista:  Aline Macário - MTB - 39.904
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Parlamento Metropolitano aponta riscos do conflito à economia regional

Estudo de assessoria técnica analisa impacto das ações militares da Rússia para balança comercial dos 24 municípios da Região Metropolitana de Piracicaba

A invasão da Ucrânia pela Rússia na última quinta-feira (24) trouxe uma preocupação ao Parlamento Metropolitano de Piracicaba diante da possibilidade de impacto comercial no bloco regional, integrado por 24 municípios. O risco analisado é quanto ao saldo das transações de importações e exportações de cada município com países envolvidos no conflito.

O estudo cenário foi determinado pelo presidente do Parlamento, Gilmar Rotta (Cidadania), que tem buscado focar a atuação do legislativo regional em ações que analisem e tragam propostas para a proteção fomento da economia regional. “A análise das relações comerciais das cidades que envolvem a Região Metropolitana de Piracicaba com Ucrânia e Rússia surpreende quanto a movimentação de recursos que podem ser afetados com o conflito”, explica Rotta.

Elaborado pelo economista e assessor especial a presidência de Piracicaba, em apoio ao Parlamento, Ricardo Buso, o estudo traz dados confiáveis e plenamente aplicáveis, ao ponto de caracterizarem subsídio aos questionamentos mais urgentes. “O que é necessário para estarmos prontos para tratar de desenvolvimento regional”, afirma Gilmar.

Segundo Buso, o estudo tomou como base as exportações e importações entre cada município, Rússia e Ucrânia em 2021, tendo como fonte o Ministério do Desenvolvimento. “Além de exportação, importação e participação no total, que o sistema oferece pronto, é possível extrair o saldo da balança comercial com cada país, que é total exportado subtraindo o total importado, e a corrente de comércio, que é o total exportado somado ao total importado. “A exposição comercial direta da Região Metropolitana de Piracicaba com os países em conflito, Rússia e Ucrânia, pode ser considerada modesta”, aponta.

No entanto, sempre em valores FOB (Free On Board - modalidade de exportação caracterizada pelos custos da produção suportados pelo exportador até a entrada no navio), do total de US$ 48,45 milhões exportado pelo conjunto dos municípios aos dois países, cerca de 75% (US$ 36,51 milhões) se destinou à Rússia, ficando a Ucrânia com o residual do saldo. “No total de R$ 14,61 milhões de importações, a predominância russa se intensificou, com 82% do total, equivalente a US$ 11,94 milhões”, afirma Buso.

Em termos proporcionais, o conjunto Rússia e Ucrânia recebeu o equivalente a 1,17% das exportações da RMP no ano base, sendo a fatia russa de 0,88%. De forma ainda menos expressiva, os 24 municípios trouxeram dos dois países o total equivalente a 0,39% de todas as suas importações, com predominância da Ucrânia, em 0,24%.

O saldo comercial com os países do conflito foi favorável a Região Metropolitana de Piracicaba, cujas exportações superaram as importações, em cerca de US$ 34 milhões. E a chamada “corrente de comércio”, que soma exportações e importações de nossa região com tais países, foi de aproximadamente US$ 63 milhões no ano. “Embora os números se mostrem proporcionalmente pouco expressivos, a questão a se observar é que são clientes de nossa produção e, consequentemente, qualquer agravamento de tensão pode requer do bloco vendedor a atenção em remanejar o destino da produção”, alerta.

Detalhando a análise aos municípios, o destaque em termos absolutos fica para Piracicaba, que em 2021 conquistou saldo comercial de US$ 42 milhões (em exportações que superaram as importações) com os dois países. A conta foi reforçada através da marca de US$ 32,50 milhões de exportações piracicabanas a economia russa. Na soma das exportações do município, o equivalente a 1,87% se destinou aos países em questão. Para Gilmar Rotta, o valor é considerável e precisa receber a atenção diante dos reflexos que pode causar em cadeia, tanto na geração de recursos quanto para renda dos trabalhadores.

Embora com cifras absolutas menores, o estudo aponta que Iracemápolis se assemelha a Piracicaba na importância proporcional das exportações ao conjunto conflituoso. A fatia de 1,83% de suas exportações foi para lá enviada. Já Rio Claro tem relação inversa, mais dependente de importações dos dois países. Suas compras superaram em US$ 13 milhões as exportações, principalmente da Ucrânia, de onde vem 3% de suas importações. Num caso mais extremo, a preocupação local seria a de substituir vendedores.

Além da “Cidade Azul”, somente Pirassununga e Santa Gertrudes na RMP são caracterizadas por importações superiores às exportações nas relações com Rússia e Ucrânia.

Rotta afirma que tratar apenas das relações diretas de comércio internacional entre os envolvidos seria analisar com simplicidade os riscos. “É preciso analisar um contexto maior, dos dois países em questão como supridores de importantes cadeias produtivas globais, que impactam também o Brasil e que não há qualquer tipo de imunidade à Região Metropolitana de Piracicaba”, afirma o presidente.

Ele repercute o estudo que aponta que, num ambiente de participação expressiva do agronegócio na produção, convém lembrar que os dois países são importantes exportadores globais de matérias primas aos defensivos agrícolas, que mesmo se os produtos finais chegarem por aqui através outros países, podem depender dos insumos produzidos na área do conflito. “Há uma possibilidade de desabastecimento com elevação de custos que apontamos no estudo”, destaca Rotta.

No contexto da produção de alimentos, o estudo destaca ainda que os dois países são supridores globais de grãos. Rússia está entre os maiores exportadores de trigo (cuja dependência brasileira da importação é elevada) e Ucrânia é o quarto maior exportador global de milho. Não menos importante, a região do conflito abastece boa parte do petróleo mundial e do gás europeu.

Em ambiente globalizado, os preços das chamadas commodities, tanto as agrícolas quanto as energéticas, são muito voláteis às tensões geopolíticas (de difícil previsão econômica) e sempre capazes a impor adicionais desafios à inflação, juros e crescimento econômico, fatores que devem ser monitorados tanto na economia da Região Metropolitana quanto do país, diante dos impactos na economia, já fragilizada, diante de fatores políticos e sociais brasileiros.



Texto:  Assessoria parlamentar Vereador Gilmar Rotta